FONTE: RockPotiguar
No mês de junho de 2004 morreu a mais icônica personagem do Black Metal/Viking Metal!
Thomas
Fosberg morrera sozinho, em seu apartamento, de falência cardíaca
súbita. Parece não haver glamour e soar pouco másculo um fim destes.
Afinal toda a estética visual/sonora da banda
que capitaneava estava intrinsecamente ligada à cultura viking, com sua
força & bravura. Quorthon (como era conhecido a frente do BATHORY)
morreu como um viking moderno.
Já que as
leis infelizmente nos tolhem de empunhar espadas contra nossos atuais
maiores inimigos (políticos, grandes corporações comerciais, juristas e
advogados maliciosos) ele manteve sua arte
o mais longe possível do consumo de massa e de maneira romântica jamais
se vendeu. Atitude tremendamente difícil em qualquer meio e tarefa
hercúlea quando se está inserido na indústria musical.
Essa era a segunda maior arma na sua bainha: comprometimento e dignidade.
O
BATHORY foi tudo aquilo que se propôs a ser. Inventou uma vertente do
Heavy Metal – o viking Metal – e, em mais de uma dezena de discos
obrigatórios para qualquer headbanger, misturou a crueza tosca próxima –
acredite! – do hardcore e os climas atmosféricos sublimes. Aliás, o
BATHORY, na minha concepção, estaria mais talhado para faixas como "A
Fine Day To Die", "Father To Son", "One Rode To Asa Bay", "Song To Hall
Up High" do que para os temas rápidos. Apesar de uma sofrível qualidade
sonora acompanhar toda a sua discografia, seja ela em vinil ou CD
(seria intencional por parte da mixagem e produção?), o peso descomunal
de sua música entrega seu recado em meio a mais pura poesia. Poeta
versado em genuíno Black Metal, sua contribuição foi incomensurável.
Essa era a arma mais forte em seu braço direito: a alta qualidade de seu
material.
Inúmeros mitos cercam sua trajetória. Como homem sabemos quase nada
sobre Thomas. Solitário, arredio, parecendo cansado de tudo. Eu o
compreendo hoje. É extenuante já nascer velho para esse mundo! Já saber
desde cedo que a iniqüidade (vinda de um amigo, de uma gravadora)
permeia nossas relações sociais. Deve ser fatigante estar a par disto e
ter que comercializar sua arte. É uma angústia não poder sacar um punhal
e fazer verter até a última gota de sangue de um homem sem honra.
Também sinto isso, todos os dias!
Quorthon cercou-se de certos
cuidados. A inteira discografia de sua banda permanece sob o controle
exclusivo da Black Mark Productions, parceiro desde a primeira hora e,
como não poderia deixar de ser, também cercado de lendas. Poucas fotos
de Quorthon são de domínio público. Se deixou rebentos ninguém sabe ao
certo. Sua vida pessoal não deveria ser exposta. Na era globalizada,
onde famílias vendem sua intimidade para programas televisivos e bandas
barganham a integridade de sua música em troca de maior exposição,
manteve-se ‘um lobo das estepes’, circundando, observando,
indomesticável pelo sistema.
Esse foi seu maior escudo, mesmo depois de sua morte: o distanciamento da cena metálica e, posteriormente, de toda a mídia.
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