E
ela corria livremente pelos campos. A brisa suave, as flores, a grama
balançando... Tudo combinava com ela. Com seu cabelo ruivo, sua pele branca,
seu belo corpo – apesar de um pouco enrijecido pelo trabalho campestre – e com
o seu sorriso. Deus do céu, que sorriso aquela jovem tinha.
Todo
dia, o mesmo ritual se repetia. Eu apenas espreitava por trás de pequenos
morros, deitado na grama, a observando. Sempre a mesma cena. Os campos,
compostos por pequeninos morros. A grama meio grandinha balançando pelo leve
vento, que carregava consigo o cheiro, o pólen e as pétalas das flores que se
espalhavam pelo local – principalmente algumas rosas, violetas e margaridas, cujas
pétalas inundavam o local. Também havia alguns beija-flores. E ela. Sempre
girando ao redor daquele campo, contemplando aquelas paisagens, com olhos
brilhantes e um sorriso. Até repousar em um pé de maçã, aonde descansava. Às
vezes olhava para longe, para uma pequena capela perto das árvores, agora
abandonada. Uma vez aquilo deve ter sido cheio de pessoas. Agora era refúgio de
alguns animais. Do mesmo jeito que esta paisagem é o refúgio dela para os
trabalhos estafantes do campo.
Um
dia eu hei de tomar coragem, sair do meio da grama e ir falar com ela. Mas por
hora, apenas a contemplarei. Todo dia. Como um quadro belo que você não se cansa
de olhar, e olhar, e olhar. Do mesmo jeito que vir aqui é para ela um refúgio,
a observar – e ter certo amor platônico – é o meu.
E
de repente a noite caía. E ela se retirava para sua casa. Eu também me retiro,
após ter certeza que ela sumiu. Ir para minha cabana, onde a chaleira chiava, e
onde posso ter os melhores sonhos possíveis. Deitado, com a cabeça apoiada em
seu colo, apenas conversando, trocando beijos e contemplando a paisagem.
Um
dia eu hei de fazer essa cena se tornar real.
Um
dia...
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